jueves, 19 de mayo de 2011

Maria Antonieta - fútil ou mal compreendida?



Era uma vez um jovem donzela que vivia na corte de Viena, na Áustria. Filha de Maria Teresa de Habsburgo e de Francisco Estêvão de Lorena, imperadores do Sacro Império Romano-Germãnico, Maria Antonieta era a filha mais nova de uma família de 15 irmãos. Teve uma formação católica rígida.

Sua mãe, seguindo a prática das soberanas da época, colocou o casamento dos seus filhos a serviço dos interesses políticos externos do império. Assim, os casamentos de algumas filhas foram arranjados. Não foi direferente com Maria Antonieta.

O PRÍNCIPE NÃO-ENCANTADO

Em 1770, com apenas catorze anos de idade, Maria Antonieta se casou com o delfim de frança Luís Augusto de Bourbon, futuro Luís XVI. O casamento visava a reconciliação da Casa de Habsburgo com a Casa de Bourbon, limitando assim as ambições da Prússia e da Inglaterra. Quatro anos após o casamento, Maria Antonieta tornou-se rainha-consorte quando o seu marido foi coroado rei Luís XVI.

No início da sua vida em Versalhes, num piscar de olhos, Maria Antonieta usou sua nova posição para criar uma certa "fantasia". Dispensou boa parte das damas de companhia, e povoou a corte de gente jovem e elegante. A Rainha adorava organizar corridas de cavalo, e se divertia em passeios de carruagem. Estas, por ordem dela, corriam a toda velocidade. O que mais fascinava Maria Antonieta, entretanto, eram as festas das noites parisienses e sua animação. Frequentava óperas, teatros, e participava de bailes. Nestes, as mulheres compareciam mascaradas. Assim, podia se misturar com plebeus, sem ser, no entanto, reconhecida. Luís XVI não se incomodava em deixá-la ir se divertir sem ele.

Podemos ver muito de todo esse luxo e diversão no filme "Maria Antonieta" (Marie Antoinette, 2006). Dirigido por Sofia Coppola. O filme mostra mais a vida doméstica de Maria Antonieta, desde o casamento até sua morte. Com uma trilha sonora pop, a produção nos leva para dentro da diversão da corte, sem se  preocupar em ser apenas um documento.


A VIDA DE MÃE

O povo passou a amar e admirar Maria Antonieta, mas ela ainda era pressionada a ter um filho do sexo masculino para garantir o trono. Em 1778, ela teve sua primeira filha, Maria Teresa Carlota. O nascimento da menina foi considerado um puro "infortúnio doméstico" na Áustria. Finalmente em 1781, Maria Antonieta deu à luz a um delfim. O nascimento do pequeno Luís José foi celebrado como um verdadeiro ato religioso pelo povo francês. Finalmente nascia uma criança que era tida como salvadora.

Em 2 de novembro de 1783, Maria Antonieta sofreu um aborto violento em seu aniversário de 28 anos. O nascimento do terceiro filho aconteceu em 27 de março de 1785. Luís Carlos foi batizado meia hora após o nascimento e imediatamente foi proclamado Duque de Normandia. A outra filha do casal nasceu em 9 de julho de 1786: Sofia morreu poucas semanas antes de seu primeiro aniversário.

Enquanto isso, o delfim sofria de tuberculose óssea da coluna. Luís José foi enviado ao palácio Château de Meudon, por seu ar ser considerado terapêutico. Mas todos os esforços foram em vão: o delfim morreu nos braços da mãe em 4 de junho de 1788.




O DECLÍNIO

Apesar da dificuldade inicial do casamento com Luís XVI, eles tornaram-se um casal unido, inclusive na alienação e ingenuidade. Enquanto ela se preocupa com os divertimentos e com uma tentativa de viver uma outra vida através da encenação de peças teatrais, na qual era um dos personagens, o rei esquecia-se da vida e dos problemas do país nas caçadas e nas suas oficinas de trabalhos manuais com madeira e ferro. Nenhum dos dois quis ver o que acontecia a sua volta.

Na verdade, eles não podem ser culpados. Reclusos na vida da corte, tanto Luís quanto Maria Antonieta não foram incentivados a conhecer mais sobre o que acontecia no mundo iluminista, sobre a realidade, sobre os problemas do país. Apesar do esclarecimento da época, a monarquia ainda era vista como algo divino, independente da vontade dos súditos. Por isso a recusa do rei, até o final, em aceittar uma constituição e uma posição menos poderosa nessa nova forma de governo. Por causa dessa teimosia, tanto ele quanto a rainha acabaram sendo acusados e executados como traidores da França.


Atribui-se, a Maria Antonieta, uma famosa frase: "Se não têm pão, que comam brioches", que teria sido proferida a uma de suas camareiras certa vez que um grupo de pobres foi ao palácio pedir pão para comer. No entanto, é consenso entre os historiadores que a rainha nunca disse a frase, que acabou sendo usada contra ela durante a Revolução Francesa. Há versão dizendo que essa frase teria sido dita na mesma época por Madame Sofia, cunhada de Maria Antonieta, quando seu irmão Luís de Bourbon foi cercado por multidão que pedia "pão". Outra versão é que a frase é de um livro de Voltaire. Os registros históricos mostram, claramente, que, na época de sua coroação, Maria Antonieta se angustiava com a situação dos pobres. Em uma de suas cartas à mãe, ela chega a comentar o alto preço do pão. Diz, também, o seguinte: "Tendo visto as pessoas nos tratarem tão bem, apesar de suas desgraças, estamos ainda mais obrigados a trabalhar pela felicidade deles".

Tendo desautorizado as reformas financeiras propostas por Turgot e Necker, os seus inimigos apelidaram-na de "a austríaca" ou "madame déficit". O escândalo provocado pelo caso do colar de diamantes e a campanha de panfletos denegrindo a sua imagem levou-a a um certo isolamento, deixando de receber audiências de nobres e literatos, o que a afastou ainda mais da alta sociedade francesa.

A REVOLUÇÃO FRANCESA E A MORTE


Em 1789, a família real foi detida no palácio de Versailles e levada pelos revolucionários para o Palácio das Tulherias. Ficou aí detida com seu marido e filhos, até que, em 1792, com o auxílio do conde Axel Fersen, foi tentada uma fuga, mas foram reconhecidos e detidos quando passavam em Varennes. Esse episódio ficou conhecido como a "Noite de Varennes".

Durante a revolução, os seus inimigos alegavam que ela recusava as possibilidades de acordo com os moderados, procurando que o rei favorecesse os extremistas para inflamar mais a batalha. Depois da fuga e prisão em Varennes, alegavam também que ela procurava romper um conflito bélico entre França e Áustria, esperando a derrota francesa.

Durante o processo de Luis XVI , ele foi chamado de Luís Capeto , sobrenome de seus ancestrais e não o seu . A condenação era evidente e ele foi guilhotinado em janeiro de 1793 . Depois da execução de Luís XVI, Maria Antonieta ficou conhecida como "Viúva Capeto", sendo condenada à morte por traição, morrendo na guilhotina em 16 de Outubro de 1793.


A imagem de Maria Antonieta, denegrida durante a Revolução Francesa, foi reabilitada depois de sua morte. Em outro extremo foi considerada a Rainha Mártir, por seu sofrimento na prisão e na execução. Alguns biográfos propõem que se veja a rainha nem como uma coisa, nem como outra. Apesar de fútil, egoísta e alienada, ela foi mais o bode expiatório de uma situação da qual apenas fazia parte, mas não poderia ser considerada responsável. Por outro lado, sua coragem e lealdade à família fazem dela uma personalidade a ser admirada.







Uma carta de Maria Antonieta à uma irmã, escrita na Conciergerie, é considerada seu testamento. Nela, a Rainha diz:

Cquote1.svg Eu fui educada na religião católica, apostólica e romana, naquela de meus pais, e nela eu cresci e sempre professei; não tendo (agora) nenhuma consolação espiritual a esperar, não sabendo se existem aqui (na França) ainda padres desta religião, e mesmo (se existisse ainda padres) o lugar (a prisão) onde eu estou os exporia muito a riscos, se eles me falassem, ainda que fosse só uma vez; Eu peço sinceramente perdão a Deus por todas as faltas que eu cometi desde que nasci. Eu peço perdão a todos aqueles que conheço, e a Vós, minha irmã, em particular, de todos os sofrimentos que, sem o querer, poderia lhe ter causado; eu perdôo a todos os meus inimigos pelo mal que me têm feito. Adeus! Minha boa e terna irmã. Possa esta carta chegar até você. Pense sempre em mim. Eu te abraço de todo meu coração, assim como minhas pobres e queridas crianças, Meu Deus! Quanto me corta o coração deixá-los para sempre! Cquote2.svg
Maria Antonieta da Áustria