miércoles, 12 de enero de 2011

Romania Do conde Dracula !


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A Romênia é um ótimo destino para aqueles que acreditam que a europa é inteiramente perfeita, rica, luxuosa e impecável. Esse país está no extremo leste da europa e, talvez pela distância dos seus “primos” mais abastados da europa ocidental, é um país super representativo do que é a europa oriental. É uma europa muito mais pobre economicamente do que a ocidental, mas muito rica culturalmente e com um povo, aparentemente, muito mais alegre e solidário. É um país de múltipla identidade e de múltiplas paisagens, cores, sabores e sons. É caótico. Barulhento.e Festeiro.
 Bucareste é uma cidade vibrante que exibe uma interessante e desbalanceada mistura entre a bela arquitetura neoclássica do final do século XIX e o frio comunista de concreto que tomou conta da cidade e do país anos mais tarde. Pegamos um trem em direção ao centro-norte do país, e aquela locomotiva velha, que foi serpenteando por entre as cadeias montanhosas dos Carpatos, nos levou até a região da Transilvânia. Nossos destinos ali foram Brasov e Sighisoara, terra natal de Vlad Tepes, ele mesmo, o conde Drácula (claro que não esquecemos de levar um pouco de alho…)
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GEOGRAFIA E AFINS



A Romênia (em romeno: România) é um país da Europa Oriental com aproximadamente 240.000 km² (ligeiramente menor que o estado de São Paulo), onde vivem quase 23 milhões de habitantes.
Faz fronteiras ao norte/nordeste com a Ucrânia, a leste com a República da Moldávia e com o mar Negro, ao sul com a Bulgária e a oeste com a Sérvia e Hungria. A sua capital, e também maior metrópole, é a cidade de Bucareste.
A Romênia faz parte da União Européia desde 1º de janeiro de 2007. Seu território é o nono mais extenso da UE, e sua população a sétima maior. Sua moeda é o LEU (plural LEIS), mas em breve adotarão também o Euro.




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BREVE HISTÓRIA 
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O nome Romênia vem de Roma ou do Império Romano (Oriental) e enfatiza as origens do país como província do Império Romano.
Nos primórdios de sua existência, a Romênia esteve habitada por Dacios e Ilirios. A partir do século VII a.C., os gregos estabeleceram colônias ao longo do Mar Negro em Mangalia, Constanta e Histria. Decebalus foi o último rei que consolidou esta zona, mas foi incapaz de prevenir a conquista por parte do Império Romano, liderada pelo Imperador Trajano no ano 105 a.C. No ano 271, as Legiões Romanas se retiraram e seguiram então mil anos, caracterizados por invasões esporádicas e seguidas pela presença turca. De uma maneira ou outra, os invasores passaram por cima da civilização daco-romana e o patrimônio latino ancestral da Romênia sobreviveu.
Entre os séculos IV e o século X, Romênia foi invadida por godos, ávaros, hunos, gépidos, eslavos, búlgaros, magiares e turcos. Os romênos sobreviveram em pequenas comunidades, absorvendo gradualmente a cultura eslava e dos outros grupos. Já no século X, um fragmentado sistema feudal, controlado pela classe militar, faz sua aparição. A partir deste século, os húngaros iniciam sua expansão pela região da Transilvânia tanto ao norte e a oeste dos Cárpatos e, no século XII, o território constituía uma autonomia. Depois da devastação dos Tártaros entre os anos 1241 e 1242, o Rei Bela IV de Hungria convida aos alemães a instalarem-se em Transilvânia, para prevenir futuros ataques.
Em 1877, a Romênia declarou independência do Império Otomano e, após uma guerra turca-romena-russa, sua independência foi reconhecida pelo Tratado de Berlim, 1878.
Em 1938, o rei Carol II dá um golpe de Estado e coloca o país na esfera de influência da Alemanha nazista. Em junho de 1940, as províncias recuperadas pelos romenos passam uma vez mais ao controle soviético. O rei Carol é derrubado e assume o poder o general Ion Antonescu, que abre o país ao Exército alemão. A Romênia acompanha Hitler na declaração de guerra à URSS, em 1941. A derrota alemã na frente russa, em 1944, assinala o fim de Antonescu.
Em agosto de 1944, um golpe liderado pelo rei Miguel, com o apoio de políticos de oposição e do exército, depôs a ditadura Antonescu e colocou os exércitos romenos sob o comando do Exército Vermelho. A Romênia sofreu pesadas baixas adicionais enfrentando o exército nazista na Transilvânia, Hungria e Tchecoslováquia. A ocupação soviética após a II Guerra Mundial levou à formação de uma República Popular comunista em 1947 e à abdicação do rei Miguel, que partiu para o exílio.
Dezembro de 1989 marcou a queda de Ceausescu e o fim do regime comunista na Romênia, uma mudança violenta, que resultou em mais de 1000 mortes durantes os eventos decisivos em Timisoara e Bucareste. Após uma semana de estado de intranqüilidade na cidade Timisoara, Ceausescu perdeu o controle sobre o governo do país, fugindo de Bucareste após convocar uma reunião de apoio que se voltou contra ele em 21 de dezembro de 1989, sendo preso e executado em 25 de dezembro de 1989.
A série de eventos conhecida como a Revolução Romena de 1989 permanece até hoje uma questão de debate, com muitas teorias conflitantes sobre as motivações e mesmo as ações de alguns dos personagens principais. Um antigo ativista marginalizado por Ceausescu, Ion Iliescu conseguiu reconhecimento nacional como líder de uma coalizão governamental improvisada, a Frente de Salvação Nacional (FSN), que proclamou a restauração da democracia e liberdade em 22 de dezembro de 1989. O Partido Comunista foi declarado ilegal e as medidas mais impopulares de Ceausescu, tais como a proibição do aborto e a contracepção, foram revogadas.
Fonte: Wikipédia.
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O POVO E SUA CULTURA

Os romenos são, num primeiro contato, MUITO parecidos com o povo brasileiro! Aliás, viramos posto de informação para os romenos, pois temos exatamente o mesmo fenotipo que eles: cabelos castanhos, olhos castanhos, pele clara, cabelos lisos e estatura baixa. Aliás, falando em estatura, tenho que dizer que lá me senti gigante. Sim! Tem romenos MUITO pequenos, o que me faz pensar que na verdade os anões que ajudam o Papai Noel não vem da Lapônia, mas sim da Romênia. (-:
Na Romênia vivem hoje aproximadamente 23 milhões de pessoas. 89,4% são romenos, 7,1% húngaros, 1,8% ciganos, 0,5% alemães, 0,3% ucranianos e 0,9% outros. Mais de 85% dos habitantes da Romênia são romenos por ancestralidade. As origens étnicas dos romenos surgiram devido à romanização da província romana da Dácia. Os romenos são descendentes dos dácios, daco-getae, trácios e de legionários romanos enviados para lutar contra eles.
A língua romena foi isolada das outras línguas românicas durante a Idade Média, e tomou emprestadas palavras das línguas eslavas vizinhas. Durante a era moderna, muitos neologismos foram tomados emprestados do francês e do italiano. Mas é considerada oficialmente uma língua da família das línguas latinas. Mas isso não significa que é possível entendê-los, pois apesar de muitas palavras derivadas do latin, eles também tem muitas palavras derivadas das línguas eslavas e isso só nos possibilita identificar o sotaque italiano (influência do período de domínio romano) e nada mais. )-:
Outra coisa curiosa na Romênia, ainda relacionada ao povo local, é o grande número de comunidades ciganas, as maiores da Europa. Chegamos até a pensar que os ciganos vinham de lá, mas chegando em casa e pesquisando, descobrimos que o povo cigano do mundo todo é originário do norte da Índia. De um certo ponto do vista, podemos supor que os ciganos são como os beduínos do continente asiático. Um povo sem terra, mas com uma cultura muito forte e persistente. Nem sempre são queridos nos lugares onde habitam, inclusive na Romênia. Frequentemente são vinculados à marginalidade e desonestidade, lembrando que foram perseguidos pelo regime nazista (além dos judeus e homossexuais).
Mas, ainda sim, sou fascinada pelas músicas, roupas e costumes desse povo sem lugar. Aliás, sempre me identifiquei com essa cultura e não me pergunte por quê. Na verdade, eu mesma fico me perguntando por que e só consigo me lembrar de um motivo paupável: o livro Esmeralda de Zíbia Gasparetto, que li quando ainda era muito nova. Um livro que fala de um romance entre uma cigana (Esmeralda) e um espanhol. Durante o livro você mergulha nessa cultura e no poder da dança e do canto para esse povo e também se impressiona com o orgulho de Esmeralda. Lindo! Só pra terem uma idéia do “por quê”, vejam o vídeo abaixo (são 10min porque é o trecho de um filme que foi gravado na região dos Cárpatos, mas vendo 2min já dá pra se apaixonar). Já disse, mais uma encarnação pra mim vai ser MUITO pouco. (-:

A maioria dos romenos são cristãos ortodoxos orientais, pertencendo à Igreja Ortodoxa Romena. De acordo com o censo de 2002, 94,0% dos romenos étnicos na Romênia se identificam como ortodoxos romenos (em comparação a 86,8% da população total da Romênia, incluindo os outros grupos étnicos). No entanto, deve-se notar que a atual taxa de comparecimento às igrejas é significativamente baixa, e que muitos romenos são apenas nominalmente fiéis. Uma pequena porcentagem da população romena é protestante, neo-protestante (2,8%) ou agnóstica (0,15%).
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COMIDAS E BEBIDAS TÍPICAS
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Em relacão às comidas, eu diria que existem comidas típicas da Região dos Balcãs*, onde está também a Romênia, pois são países pequenos que acabam se misturando quando o assunto é culinária local. São pratos, pra variar, a base de batata e diferentes tipos de risoto. E, nesse dia, comemos uma polenta divina que só lembro de ter comido em casa, quando minha mãe fazia. Huuuummmm… (-:
Mas em relação à bebida típica os romenos tem a sua própria bebida, a chamada “tuiça”. É um aguardente pra lá de ardente, acreditem! É normal que te ofereçam a bebida sempre que te convidam para ir à casa deles ou quando vai a um restaurante também, pois funciona como uma “abridor de apetite”. Na verdade, só serviu pra abrir minha boca mesmo de tanto que o “trem” desceu queimando! (-:
Outra coisa muito interessante na Romênia são as garrafonas de cerveja que fazem a alegria dos bebuns. E os alemães achando que bebem muita cerveja. (-:
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Aliás, falando em cerveja não podíamos deixar de provar uma das cervejas locais: URSUS. Boa, mas nem tanto. (-:
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*Albânia, a Bósnia e Herzegovina, a Bulgária, a Grécia, a República da Macedónia, o Montenegro, a Sérvia, o autoproclamado independente Kosovo, a porção da Turquia no continente europeu (a Trácia), bem como, algumas vezes, a Croácia, a Romênia e a Eslovênia. O termo deriva da palavra turca para montanha e faz referência à cordilheira dos Bálcãs, que se estende do leste da Sérvia até ao mar Negro.

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TRANSPORTE PÚBLICO
romenia-siguisoara-881Assim como a maioria (ou seria a totalidade?) dos países europeus, o transporte público na Romênia é feito essencialmente por trens. A malha ferroviária do país tem uma cobertura razoável, e as passagens são bem baratas, se comparadas com os preços praticados na europa ocidental. Por exemplo, uma viagem de uns 300km na Romênia custa cerca de 12 euros (trem do tipo Acelerado), enquanto que na Alemanha uma passagem para cobrir a mesma distância custa em torno de 50 euros. Existem quatro tipos de trens: Intercity, Rápido, Acelerado e Populares. Os preços, conforto e velocidade variam proporcionalmente (mas muitas vezes da primeira para a segunda classe não muda muita coisa não). A cidade de Bucareste tem um sistema integrado de metrôs, trams e ônibus legal, e as passagens são também baratas 2,30 LEU = aproximadamente R$ 1,80 (Dez 2008).
E, aproveitando que estamos falando em transporte, vale a pena falar um pouco sobre o famoso e popular carro de passeio na Romênia: o DACIA. Trata-se de uma empresa nacional e muito popular na Romênia, que hoje pertence ao grupo RENAULT. O carro deve ser bom, pois tem alguns que já deveriam estar no museu, mas ainda estão em circulação. (-:
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BUCARESTE


Ao chegarmos em Bucareste, tivemos um choque inicial e, logo em seguida, uma surpresa inusitada que nos causou uma sensação quase familiar. Chegamos em Bucareste no finalzinho do outono, mas o tempo estava mais pra inverno com uma chuva de vento bem fria e forte, daquelas que torna qualquer guarda-chuvas um acessório inútil, servindo só pra te fazer passar vergonha. Desembarcamos no aeroporto de Baneasa, um aeroporto minúsculo e caótico, que é operado por algumas companhias aéreas de “baixo custo”. Pra nossa surpresa, não existe sala de desembarque e, após a passagem pela alfândega, os passageiros são despejados na rua! Isso mesmo: NA RUA! Após o choque com essa situação, demos a volta e entramos no salão de embarque para procurar abrigo e algumas informações.
Mapa e itinerário na mão, é hora de ir para o centro da cidade. Ops, onde compramos o ticket do ônibus? Precisa comprar com antecedência em quiosques, e não existe nenhum aberto nas redondezas, nos disse a menina do balcão de informações. Um romeno solícito (o primeiro, de tantos) que estava encostado ao lado do balcão “atravessou a conversa” (que aliás, parece ser uma característica na cultura romena, tanto para ajudar, quanto para atrapalhar), nos disse onde era o ponto e ainda nos deu um ticket de ônibus. Inacreditável, mas insuficiente, pois precisávamos de dois tickets. Bom, saímos do aeroporto e fomos em direção ao ponto, mas cadê ele? Um grupo de jovens nos indicou o ponto, um poste sem indicação de absolutamente nada e ainda no escuro. Perguntamos a um dos jovens se ele teria tickets para nos vender. Ele olhou pra gente, pensou um pouco de depois perguntou alguma coisa em romeno para o resto da turminha. Ficamos ali, esperando pra ver o que vinha. Foi quando ele olhou no relógio e, sem titubear, nos disse com um sorriso debochado: “A essa hora já não há mais controle de bilhetes”. Se fosse no Brasil a gente ia entender de primeira o que ele queria dizer, mas não conhecíamos a Romênia até então e insistimos: “Mas e você? Como você faz pra pegar ônibus aqui? Você compra um monte de tickets uma vez por mês e vai usando?”. Foi quando ele respondeu sem titubear: “Comprar tickets? Eu nunca compro tickets pra andar de ônibus aqui. Pra quê? Come on guys, you are in Romania!” (Fiquem tranquilos, vocês estão na Romênia!)”. Depois dessa, nos sentimos em casa MESSSSMO. (-:
Bom, passada a fase de “integração à cultura local”, no outro dia fomos conhecer, enfim, Bucareste. A capital da Romênia é frequentemente citada em livros e folhetos de turismo como Paris do Leste. De fato, existe uma parte da cidade que abriga inúmeros prédios belos e grandiosos.
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Mas essa parte da cidade contrasta com a outra parte que exibe inúmeros blocos de apartamentos de concreto, feios, frios e sem cores, que são uma herança do projeto do Centro Cívico idealizado e executado pelo ditador comunista Niolae Ceausescu (quem conseguir pronunciar esse sobrenome ganha um prêmio…hahaha).
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E, ainda, numa outra parte da cidade, encontra-se prédios bem antigos e, aparentemente, abondanados de tão sujos e estragados. Mas não deixam de apresentar um certo charme. (-:
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O ditador Niolae Ceausescu, mais um comunista muito biruta da cabeça, exerceu uma política opressora e cheia de esquisitices. Ele destruiu parte da cidade histórica de Bucareste para construir os prédios de contreto que serviriam para abrigar as inúmeras famílias camponesas que foram trazidas a força para os centros urbanos.
Ainda no projeto de aumento da população e concentração nos centros urbanos, os métodos contraceptivos foram proibidos. Entretando, a obra mais marcante de Ceausescu é o Palácio do Parlamento. Um prédio governamental gigantesco que, conforme a literatura, é o segundo maior prédio em área construída do mundo (só fica atrás do pentágono nos EUA). Parece que o objetivo era ostentar a grandiosidade do seu regime megalomaníaco. Entretanto, os romenos não tem muito orgulho dessa obra faraônica (na verdade não conversamos com nenhum que aprovasse aquela sandice). Aliás, se os romenos estivessem satisfeitos com o regime, eles não teriam cassado e executado o ditador no final do regime comunista. Pois é.
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Em Bucareste, ficamos hospedados em uma pousada/pensão de um casal de canadenses, que saiu do frio de Toronto para cair em Bucareste (eu hein). A pousada era a própria casa deles, uma confusão. Ao chegarmos, a dona veio nos atender de pijamas! O quarto era tranquilo, e tinha vários objetos de decoração da própria família. Livros antigos em alemão, inglês e, pra nossa surpresa, um dicionário Português – Romêno.
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À CAMINHO DA TRANSILVÂNIA
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A estação central de trens de Bucareste (Gara de Nord) é um lugar interessante. Um prédio grande, antigo, telhado cheio de goteiras e algumas ”cachoeiras”. Meio caótico, muitas lojinhas, e com um Mc Donalds que, na emergência, mata a fome de pessoas que não entendem nada da língua romena (ôh lingua esquisita!!!). Compramos as passagens através de mímica (é sério!) e fomos para a plataforma. Cada relógio da estação marcava uma hora. Na hora que vimos isso, já imaginei a fúria de uma alemão que adora ver a hora e ser pontual. Lá ele ia ficar doidão, pois até nós, brasileiros, ficamos doidinhos. (-:
Saímos de Bucareste com o tempo beeeeeeem feio e iríamos atravessar os Cárpatos para chegar à Transilvânia. Ao nos aproximarmos dos Cárpatos, a chuva fina mudou de cor e se transformou em uma nevasca bem forte. O aquecimento dos vagões, sucateados, estava ligado no máximo. Tão quente que até queimou minha buzanfa. (-:
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Para nossa feliz surpresa após cruzar os Cárpatos, o tempo começou a melhorar e chegamos em nosso destino Sighisoara com um dia inacreditavelmente lindo! A viagem de trem para a Transilvânia exibe paisagens lindas, com campos extensos, pouco cultivados, vilas que parecem ter parado no tempo, montanhas nevadas, e há quem diga, uns vampirinhos.  :-)
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Em uma das paradas do trem, 3 senhoras entraram na cabine em que estávamos (cabine para 6 pessoas). Elas estavam com uma sacolada digna de quem sai do interior para fazer compras na rua 25 de Março (SP). Incrível. Eram tantas malas e sacolas que elas deixaram a metade da carga no corredor. Olhares curiosos pra cá e pra lá. Eis que, de repente, uma delas tirou uma laranja da sacola e me ofereceu. A laranja estava com uma cara ótima, mas fiquei sem graça e comecei “agradecendo” e dizendo que não precisava, mas a mulher insistiu muito (ela não falava nada, só fazia o gesto de que queria me dar) e eu com muuuuita dificuldade acabei aceitando. Mais um ato inacreditável dos hospitaleiros romenos. Foi a melhor laranja que eu já comi na minha vida! Tentei agradecer em um monte de idiomas, mas parece que a véinha não entendia nada além de romeno. A-há, saquei o guia da Romênia e, consultando o limitado dicionário do livro, tentei pronunciar o que deveria ser a palavra de agradecimento. Ela nos olhou com um sorriso desconfiado e acho que entendeu nossa intenção. Só depois vi que havia olhado no dicionário inglês -húngaro, ou seja, agradeci em húngaro. Mais uma gafe internacional pra nossa coleção. Afff… -(
O cobrador de tickets chegou e, pelos gestos, entendi que as malas das nossas colegas de cabine não poderiam ficar nos corredores. A dona que, carinhosamente, o Rô apelidou de boca rica (ela tinha uns dentes de ouro…), levantou os braços para colocar as sacolas no maleiro e, neste momento, a cabine foi tomada por um aroma azedo que fazia os olhos arderem. Como já estávamos na Transilvânia, cheguei a pensar que a dona boca rica carregava uma réstia de alho debaixo dos braços pra afugentar eventuais vampiros. Vai saber… (-:
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Pois é, graças ao escritor irlandês Bram Stoker e aos filmes de hollywood, a Transilvânia ganhou notoriedade mundial como a terra do Drácula. Notoriedade a parte, a Transilvânia é uma região do centro norte da Romênia que tem uma história peculiar. O nome vem do latin, e significa “além da floresta”. Há vários séculos atrás, a Hungria, que era uma potência medieval, convidou pessoas da região da Saxônia para se instalarem naquela região que ficava além da floresta. Essa região tem MUITO mais pra oferecer aos seus visitantes, do que se imagina quando se ouve falar em vampiros e afins.
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A LENDA DO VAMPIRO
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A história do vampiro, o Conde Drácula, é uma mistura de mitos e verdades. A figura histórica do Conde Drácula realmente existiu, mas essa história de vampiro é fruto da criatividade (ou seria alucinação?) do escritor Bram Stoker e sua novela escrita em 1897.
O príncipe Vlad III, posteriormente Conde Drácula, nasceu em 1431 e governou a região por um bom tempo. O nome Drácula ele herdou do pai Vlad Dracul (em Romeno, Drácula é como o diminutivo de Dracul). A palavra Dracul significa dragão ou demônio. Ficou famoso por ser um governante muito rígido e sanguinário, que defendeu a região contra a invasão de turcos, combateu inimigos e tratava os prisioneiros e desordeiros com imensa crueldade (alguns romenos até o admiram por que naquela época, dizem alguns, pelo menos existia ordem).
Ficou conhecido como Vlad Tepes  (que significa Vlad, o impalador) em função de seu método preferido de tortura e execução: o impalamento. Hein?? Bom, impalamento é uma técnica medieval de execução que consiste em espetar o sujeito com uma cunha gigante que atravessa o cara de “buraco a buraco” e deixá-lo plantado/pendurado agoniando até o fim. Curuz, nem precisa falar por onde a cunha entrava né? Enfim, sua fama se espalhou pela Europa através da recém inventada imprensa escrita. Muito tempo depois, provavelmente baseado nas lendas e crenças da distante europa oriental, Bram Stoker escreveu sua obra mais famosa.
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Na Romênia, os livros de história não falam que o principe Vlad III, o conde Drácula, era um vampiro, mas, hoje em dia, tem muita gente que acha essa história uma beleza pra faturar uns leizinhos (moeda romena)…  -)
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SIGHISOARA
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Sighisoara é uma pequena cidade que fica no centro da Transilvânia. É uma cidade medieval que guarda um centro histórico bem preservado, porém sem estar milimetricamente restaurado, e isso confere à cidade uma atmosfera mais natural e cúmplice do tempo. Mágica.

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A cidade ainda preserva várias torres e parte do muro que um dia cercou e protegeu o burgo contra outros invasores. É ainda a terra natal de Vlad Tepes. Turistas de carteirinha pagam 1 LEU para tirar uma foto ao lado de uma estátua grotesca de Vlad Tepes na praça central (eu tirei uma escondida lá de riba na faixa…hahaha).
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A casa onde ele nasceu ainda existe, e é hoje um restaurante cheio de frescuras. Daqueles onde se paga muito, pra se comer pouco e mal. Afff… -)
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E foi em Sighisoara onde, definitivamente, nos sentimos no Brasil, pois o que tinha de cachorros soltos na rua, não é brincadeira. E à noite então? Aquele monte de cachorros latindo, gato “casando” e etc. Um paraíso pra quem saiu do Brasil e foi morar na Alemanha, onde não se vê os bichinhos pela rua. Isso tem seu lado bom, ok, mas que dá uma tristeza não poder afagar um bichinho na rua de graça, isso dá. Olha esse! Parecia um rei. Será que era o Vlad???? Ai que meda! (-:
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Passeando sem destino, você vai encontrando lugares como esse na foto abaixo, onde pagando pouco é possível você se sentir vivendo na idade média. LÓGICO que eu fiquei com vontade de fazer uma visitinha e me vestir como naquele tempo, mas fiquei com medo de não querer mais devolver as roupas e também de não querer mais voltar a viver no nosso tempo. (-:
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A cidade estava bem vazia e encontramos vaga em um hostel muito legal bem no centrinho da cidade histórica. Melhor que o hostel era o pub que ficava no porão da casa, bem ”underground”. Parte do pub estava reservada para uma festa e, para nossa agradável e inacreditável surpresa, fomos convidados para participar! Eram umas 12 pessoas, e uma menina estava fazendo aniversário. Galera jovem, todos falavam um bom inglês, e bebiam muuuuuuito! Nós estávamos na parte não reservada, sentados, tomando uma cerva como de costume. Só que começou a rolar uma música totalmente dançante e eu, pra variar, não consegui ficar sem me mecher sentada acompanhando o ritmo e cantando as que eu sabia (lógico). Eis que passou uma menina e nós comentamos que ela estava vestida como se fosse para um baile a fantasia. Pois é, bem maldosos. Mas eis que essa mesma menina (a fantasiada) veio conversar com a gente e nos convidou para participar da sua festa de aniversário.
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Papelão! Tiramos sarro da menina e ela ainda nos convida tão gentilmente para sua festa. Fala demais e toma! Sempre assim. Lógico que aceitamos eufóricos, pois era uma festa só de romenos e nós íamos fazer parte daquele momento! Fantástico! Só sei que nos divertimos MUITO e até dançamos música típica romena. Inesquecível e de graça!
O mais curioso foi quando o pessoal trouxe o bolo de aniversário, na verdade, dois bolos. Um foi tacado na cara da aniversariante, e o outro era pra gente comer. Disseram que era tradição. Ainda bem que nossos aniversários estavam longe…   -)
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Conversamos um tanto com um “local” (outro penetra) que nos deu dicas interessantes. O cara deve ter uns 25 anos, é artista plástico e professor de artes na escola germano-romêna da cidade. Ele disse que tinha vontade de conhecer o Brasil. Apesar da vida aparentemente provinciana, o cara tinha umas idéias bem cosmopolitas. Show! Interessante observar que um cara que vive de artes em uma cidadezinha de uns 20.000 habitantes possa ter uma mentalidade tão aberta assim.  Enfim, cantamos, dançamos e enchemos o caneco (e esvaziamos também…), não necessariamente nessa ordem. Mais tarde, conferimos as fechaduras do quarto, colocamos uns dentes de alho em frente a porta e a janela, e capotamos embriagados, integrados e felizes. (-: 
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BRASOV
Brasov se tornou a segunda maior cidade da Romênia na década de 60, quando o regime comunista trouxe milhares de camponeses e moradores da região da Moldávia para trabalharem nas novas fábricas da cidade. O reflexo desse êxodo pode facilmente ser observado na chegada à estação de trem, na periferia da cidade. São dezenas, ou centenas de blocos de apartamentos. Mas, apesar do crescimento acelerado, Brasov ainda preserva um grande centro histórico barroco.
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A cidade tem uma vida cultural agitada, e é um ponto de partida estratégico para um monte de lugares legais, entre castelos, burgos e a melhor estação de esqui da região. No primeiro dia que estivemos por lá, tivemos a sorte de pegar um evento típico de Natal na cidade com corais e dancas típicas. Uma delícia de se ver e de se ouvir.
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 Uma das atrações da cidade é a igreja preta, que recebeu esse nome após ter sido incendiada pelos turcos em uma das tantas invasões na idade média. Bom, a igreja não é mais preta, ou seja, parece que andaram lavando ela, agora ela é igreja desbotada. -)
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Outra curiosidade em Brasov é também a rua MAIS ESTREITA do mundo, a “Strada Sforii”! Coisa bem esquisita de se saber, pois pra mim rua estreita é viela e não mais rua. Enfim, turismo é assim.
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Em função das constantes invasões, a cidade foi fortificada no século XV através da contrução de um muro. Pois é, e pensar que até hoje, em pleno século XXI, tem gente construindo muros para separar povos e/ou conter invasões. Vai entender.)-:

Nos arredores de Brasov, um dos destinos mais populares é o castelo de Bran, comumente mencionado nos folhetos turísticos como o castelo do Drácula. A maior mentira! As fontes oficiais dizem que o Conde Drácula só passou por ali e matou todo mundo (credo!), mas não chegou a morar. Talvez não tenha gostado da decoração, sei lá, conde é tudo meio fresco. Quem morou ali foi a Rainha Maria da Romênia, já pelos idos de 1900. Essa mulher, neta da rainha vitória da Inglaterra que se casou com o príncipe Ferdinand da Romênia, ficou de saco cheio de morar na corte de Bucareste e foi morar, sozinha, no castelo de Bran. O castelo hoje guarda a memória do período em que ela morou lá.
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Bem mais legal que o castelo de Bran é o burgo Rasnov, que fica no meio do caminho entre Brasov e o castelo. É um burgo enorme construído no século XIII no alto de um morro. O tamanho dos muros e a quantidade de casinhas dentro do burgo impressionam. Maravilhoso! E a vista de lá, então? Meu Deus!

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A história mais interessante é a de um poço de água que, conforme a informação do lugar, tem 146m de profundidade!! Colocaram 2 prisioneiros turcos para cavucar o poço com a promessa que eles seriam libertados após encontrarem água. A escavação demorou 17 anos. Nem precisa contar o final da história né?
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Além de toda a beleza ao redor do burgo e da sua história super interessante, ele se tornou um local super inspirador para os amantes da Idade Média. (-:

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NOVOS TEMPOS
Somente em 2007 a Romênia se integrou ao bloco da comunidade européia, por isso acho que o país ainda conserva uma ”atmosfera” bem particular. O ingresso no bloco seguramente está trazendo progresso para o país, especialmente no que diz respeito a entrada de investimentos estrangeiros (a Romênia é considerada um país de baixo custo de fabricação). A integração ao bloco deve trazer também o controverso turismo em massa (já estou imaginando os ônibus de turismo lotados de aposentados alemães…), mas é legal que a cultura e o país desse povo tão acolhedor seja realmente mais difundida. Enfim, vale a pena visitar. Por via das dúvidas, é bom levar uns dentinhos de alho e um pouquinho de água benta.  -)
BASTIDORES DA VIAGEM
- O melhor da Romênia é a absurda solidariedade do povo local e, também por isso, decidimos entrar no clima e dar uma “mãozinha”. Esse aí ficou sem gasolina e nos pediu ajuda pra abastecer. Ainda bem que não teve que empurrar.  (-: 

- Maaaas ver uma faixa fazendo a propaganda do livro Brida de Paulo Coelho, já era algo esperado, podemos assim dizer. Primeiro porque o cara é “o cara” e, segundo porque esse livro tem TUDO a ver com a cultura e história local. É um livro que fala de magia e de amor. Um livro que li há muito tempo atrás e que não vejo a hora de ler de novo. Maravilhoso e imperdível! Mas, de verdade, eu esperava mais era ver uma propaganda de outro livro do Paulo Coelho “A Bruxa de Portobello”, pois ele retrata a vida de uma cigana da região da Transilvânia. Eu AINDA não li, mas é lógico que vou ler em breve. Tá na fila. (-:
- Isso sim que é banheiro de macho barbado. “Barbati” é uma forma bem direta de dizer “homem”, mas, na verdade, qualquer dia eles correm o risco de encontrar uma portuguesa lá dentro. (-:
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