A Peste negra
ACONTECIMENTO - A Peste Negra 
 "No ano do senhor de 1348  houve em quase toda a superfície do globo uma tal mortalidade como  raramente se terá conhecido outra. Os vivos mal chegavam para enterrar  os mortos ou evitavam-nos com horror (...). Mais, coisa temerosa de  ouvir, os cães, os gatos, os galos, as galinhas e todos os outros  animais domésticos sofriam a mesma sorte (...). A este mal  acrescentou-se outro: correu o ruído de que certos criminosos,  particularmente judeus, deitavam nos rios e fontes venenos que faziam  engrossar a peste. Por isso, tanto cristãos como judeus inocentes foram  queimados, mortos, quanto é certo que tudo aquilo provinha da  constelação ou da vingança divina."
"No ano do senhor de 1348  houve em quase toda a superfície do globo uma tal mortalidade como  raramente se terá conhecido outra. Os vivos mal chegavam para enterrar  os mortos ou evitavam-nos com horror (...). Mais, coisa temerosa de  ouvir, os cães, os gatos, os galos, as galinhas e todos os outros  animais domésticos sofriam a mesma sorte (...). A este mal  acrescentou-se outro: correu o ruído de que certos criminosos,  particularmente judeus, deitavam nos rios e fontes venenos que faziam  engrossar a peste. Por isso, tanto cristãos como judeus inocentes foram  queimados, mortos, quanto é certo que tudo aquilo provinha da  constelação ou da vingança divina."
Vitae papirum, Avenionensirum, Clemente VI, Prima Vita
 A Peste Negra foi a epidemia que mais profundamente atingiu a Europa no séc. XIV, transmitida através da pulga do rato preto, originário da Ásia. Vinda do Oriente, pelo Mar Negro, teve o seu primeiro porto de entrada em Itália, através dos barcos de comércio. As pessoas infectadas manifestavam sintomas estranhos tais como manchas negras à volta da picada, gânglios inflamados no pescoço, nas axilas e nas virilhas, febres altas, calafrios e enjoos.
A Peste Negra foi a epidemia que mais profundamente atingiu a Europa no séc. XIV, transmitida através da pulga do rato preto, originário da Ásia. Vinda do Oriente, pelo Mar Negro, teve o seu primeiro porto de entrada em Itália, através dos barcos de comércio. As pessoas infectadas manifestavam sintomas estranhos tais como manchas negras à volta da picada, gânglios inflamados no pescoço, nas axilas e nas virilhas, febres altas, calafrios e enjoos.

 A  progressão da doença era tão rápida que, num ou, no máximo, em dois ou  três dias, o doente falecia. As condições de vida da população na época  também ajudaram a esta progressão rápida da doença e à sua mortífera  proliferação: as habitações deste tempo possuíam uma única divisão,  ventilada apenas por uma janela pequena, o que facilitava a propagação  de doenças a todos os membros da família, quando um único era  contaminado; era comum a coabitação entre animais de criação e as  pessoas; o aquecimento da casa era feito por uma fogueira e o fumo saia  por um pequeno buraco no tecto, pois não existiam chaminés (o fumo do  ambiente e a humidade contribuíam também para a propagação de vírus);  não existia uma rede de esgotos, sendo eles feitos a céu aberto; a  população tinha sofrido um aumento demográfico de tal ordem que a fome  se tornou um grave problema (a população sem meios de se alimentar,  tornava-se ainda mais frágil e mais propensa às doenças). Pensa-se  que terá dizimado metade da população europeia em poucos anos, semeando  o medo e o terror e fazendo desaparecer comunidades e cidades inteiras.
A  progressão da doença era tão rápida que, num ou, no máximo, em dois ou  três dias, o doente falecia. As condições de vida da população na época  também ajudaram a esta progressão rápida da doença e à sua mortífera  proliferação: as habitações deste tempo possuíam uma única divisão,  ventilada apenas por uma janela pequena, o que facilitava a propagação  de doenças a todos os membros da família, quando um único era  contaminado; era comum a coabitação entre animais de criação e as  pessoas; o aquecimento da casa era feito por uma fogueira e o fumo saia  por um pequeno buraco no tecto, pois não existiam chaminés (o fumo do  ambiente e a humidade contribuíam também para a propagação de vírus);  não existia uma rede de esgotos, sendo eles feitos a céu aberto; a  população tinha sofrido um aumento demográfico de tal ordem que a fome  se tornou um grave problema (a população sem meios de se alimentar,  tornava-se ainda mais frágil e mais propensa às doenças). Pensa-se  que terá dizimado metade da população europeia em poucos anos, semeando  o medo e o terror e fazendo desaparecer comunidades e cidades inteiras.
 Tal  mortalidade provocou grandes desequilíbrios nas cidades, no Estado, nas  fronteiras sociais e implicou a mudança de populações entre aldeias e  regiões, alterando, assim, os circuitos comerciais e criando novos  ricos. O medo e o desespero face a esta epidemia levaram algumas  populações a procurar “culpados” entre judeus e leprosos que, por isso,  chegaram a ser perseguidos e massacrados. Houve um ressurgimento das  peregrinações aos locais piedosos, os donativos à Igreja e as cerimónias  com procissões e flagelações colectivas. Apesar de todos estes aspectos  negativos, deve-se à Peste Negra a expansão da construção de hospitais,  albergarias e leprosarias, através das doações feitas por uma população profundamente aterrorizada. Tanto os próprios médicos como os farmacêuticos  desconheciam uma forma de a tratar, de tal maneira que pensavam que se  estivessem totalmente vestidos, com luvas, botas e uma máscara  (semelhante à cabeça de uma ave), estariam imunes, o que não corresponde à verdade.
Tal  mortalidade provocou grandes desequilíbrios nas cidades, no Estado, nas  fronteiras sociais e implicou a mudança de populações entre aldeias e  regiões, alterando, assim, os circuitos comerciais e criando novos  ricos. O medo e o desespero face a esta epidemia levaram algumas  populações a procurar “culpados” entre judeus e leprosos que, por isso,  chegaram a ser perseguidos e massacrados. Houve um ressurgimento das  peregrinações aos locais piedosos, os donativos à Igreja e as cerimónias  com procissões e flagelações colectivas. Apesar de todos estes aspectos  negativos, deve-se à Peste Negra a expansão da construção de hospitais,  albergarias e leprosarias, através das doações feitas por uma população profundamente aterrorizada. Tanto os próprios médicos como os farmacêuticos  desconheciam uma forma de a tratar, de tal maneira que pensavam que se  estivessem totalmente vestidos, com luvas, botas e uma máscara  (semelhante à cabeça de uma ave), estariam imunes, o que não corresponde à verdade.