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| IRLANDA DO NORTE OU ULSTER |  | 
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| Com  14.120 km2 de extensão, a Irlanda do Norte é o menor dos quatro países  que integram o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte. Os demais  são a Inglaterra, a Escócia e o País de Gales. Ocupa a extremidade nordeste da ilha da Irlanda, enquanto a República  da Irlanda, independente, estende-se pelo resto do território. É  constituído de planícies onduladas e montanhas pouco elevadas e  concentra, na região central, férteis campos verdes e pastagens.
 A indústria e a agropecuária são as duas principais atividades que  sustentam a economia do país. Entre os produtos agropecuários mais  importantes encontram-se o leite, os ovos, a batata e o gado bovino e  suíno. No setor secundário, a indústria têxtil, principalmente a  fabricação de linho, e a aeronáutica, são destaque.
 De ascendência predominantemente inglesa ou escocesa, os habitantes  da Irlanda do Norte adotaram o inglês como língua oficial. No campo  religioso, no entanto, há divergências históricas e o conflito entre  católicos e protestantes arrasta-se indefinidamente. Embora  majoritários, os protestantes temem que os católicos e o governo da  República da Irlanda reunifiquem as duas Irlanda e os privem de seus  privilégios políticos e econômicos. A capital do país é Belfast.
 HISTÓRIA
 Colonização Protestante. A Irlanda caiu sob o domínio inglês  em 1541, quando Henrique VIII da Inglaterra declarou-se rei da Irlanda.  Ele tentou introduzir o Protestantismo na região, mas o povo irlandês,  de maioria católica, iniciou uma série de revoltas contra a Inglaterra.
 Elizabeth I esmagou uma rebelião comandada por católicos no Ulster,  uma grande província do nordeste da Irlanda. Jaime I tentou prevenir  revoltas posteriores confiscando as terras dos católicos no Ulster e  dando-as a protestantes ingleses e escoceses. A política inglesa de  colonização da Irlanda do Norte foi em grande parte responsável pelo  fato de os protestantes constituírem maioria no país.
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|  |  | Pais levam seus filhos para a escola protegidos por policiais na Irlanda no Norte. |  | 
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| As Divergências Econômicas e Políticas  começaram a aumentar entre os católicos do sul da Irlanda e os  protestantes do Ulster durante o séc. XVIII. No sul, o aumento da  população, a distribuição desigual de terras e a decadência das  indústrias provocaram uma redução da qualidade de vida. No norte, a  indústria têxtil e a construção naval prosperaram e o padrão de vida  aumentou. Os protestantes controlaram o Parlamento da Irlanda e  restringiram os direitos dos católicos. Em 1800, os parlamentos britânico e irlandês aprovaram o Ato de  União, que extinguiu o Parlamento da Irlanda e integrou o país à  Grã-Bretanha. No entanto, muitos católicos ainda exigiam sua  independência da Grã-Bretanha.
 No final do séc. XIX, os protestantes do Ulster formaram o Partido  Unionista. Em 1914, o Parlamento britânico aprovou um projeto de lei de  autonomia, apesar da oposição do Ulster, mas o início da Primeira Guerra  impediu que o plano fosse colocado em prática.
 Divisão da Irlanda. Em 1919, membros irlandeses do Parlamento  britânico reuniram-se em Dublin e declararam que toda a Irlanda era uma  república independente. Violentas lutas irromperam, então, entre  irlandeses e tropas britânicas. Em 1920, o Parlamento britânico aprovou o  Ato de Governo da Irlanda, que dividiu a ilha em dois países separados e  deu a cada um poderes de autonomia.
 Os protestantes do Ulster acataram a decisão e o Estado da Irlanda do  Norte foi formado por seis condados da província. Mas os católicos do  sul rejeitaram a proposta e exigiram sua total independência. Em 1921,  líderes do sul e a Grã-Bretanha assinaram um tratado que criou o Estado  Livre Irlandês, com 23 condados do sul e três do Ulster. Em 1949, o  Estado cortou todos os laços com a Grã-Bretanha e fundou a República da  Irlanda.
 Muitos católicos da Irlanda do Norte recusaram-se a aceitar a  divisão. Em alguns locais do país, onde os católicos eram maioria, foram  estabelecidos distritos eleitorais para assegurar o controle dos  conselhos locais pelas minorias unionistas. Os conselhos tentaram  instituir áreas separadas para católicos e protestantes. Com o decorrer  do tempo, os dois grupos se isolaram quase completamente.
 A partir de 1921, grupos paramilitares irlandeses atravessaram a  fronteira da Irlanda do Norte e atacaram instalações do governo  britânico. Entre 1956 e 1962, freqüentes ataques foram perpetrados pelo  Exército Republicano Irlandês (IRA). Os rebeldes esperavam forçar os  britânicos a desistir do controle do país, mas, diante dos ataques, a  Força Policial Real do Ulster recebeu armamento pesado.
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|  |  | Belfast, na Irlanda do Norte. País marcado por conflitos religiosos entre católicos e protestantes. |  | 
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| Movimento pelos Direitos Civis.  A partir da década de 1960, o conflito entre católicos e protestantes  na Irlanda do Norte se agravou. Os católicos do país expressaram a sua  determinação de que a província do Ulster fosse reunificada à República  da Irlanda. Eles alegavam que os protestantes haviam violado seus  direitos civis e estabelecido políticas discriminatórias de emprego e  habitação. Em 1967, foi instituída a Associação de Direitos Civis da Irlanda do  Norte para lutar pela igualdade de direitos para todos. Em 1968, a  associação convocou uma marcha para demonstrar sua força e exigir  reformas. O governo tentou impedir o ato, desencadeando violentos  protestos, depois dos quais o governo britânico persuadiu o  primeiro-ministro da Irlanda do Norte, Terence M. O’Neill, a introduzir  uma série de reformas. Mas os unionistas conservadores não concordaram e  O’Neill foi obrigado a renunciar em 1969. James D. Chichester-Clark  tornou-se, então, primeiro-ministro.
 Em meados de 1969, ocorreram novos e violentos confrontos em Belfast e  Londonderry. Tropas britânicas foram enviadas à Irlanda do Norte e o  governo britânico persuadiu Chichester-Clark a aceitar amplas reformas,  incluindo uma força policial desarmada e a implantação de organismos  destinados a prevenir a discriminação. Mas essa intervenção britânica  desencadeou uma escalada da violência. O IRA deflagrou uma campanha  terrorista, realizando atentados contra alvos britânicos civis e  militares no Ulster e na Inglaterra.
 As tropas britânicas permaneceram na Irlanda do Norte, enquanto  grupos paramilitares e o próprio IRA davam prosseguimento às suas ações  terroristas ao longo de toda a década de 1970.
 Domingo Sangrento. Em janeiro de 1972, católicos enfrentaram o  Exército britânico nas ruas de Londonberry, deixando um saldo de 14  mortos e 16 feridos. Esse confronto ficou conhecido como Domingo  Sangrento. Ainda em 1972, a Grã-Bretanha passou a exercer o controle  direto sobre a província do Ulster. Mas isso não deteve a escalada do  conflito.
 No decorrer das décadas de 1970 e 1980, a luta continuou. Em 1984, o  IRA tentou, sem sucesso, assassinar a então primeira-ministra britânica  Margaret Thatcher.
 Impasse no Ulster. Em agosto de 1994, o IRA anunciou um cessar-fogo.  Até janeiro de 1996, as negociações entre britânicos, irlandeses e o  Sinn Féin – o braço político do IRA – arrastaram-se com dificuldade,  principalmente devido à exigência feita pelo governo da Grã-Bretanha de  que o IRA depusesse as armas.
 Em fevereiro de 1996, o IRA explodiu uma bomba no centro financeiro  de Londres, pondo fim à trégua e retomando a campanha terrorista.
 Foi somente com a vitória do Partido Trabalhista nas eleições  parlamentares da Grã-Bretanha em 1997 que as conversações de paz foram  retomadas. Em julho, o IRA anunciou um novo cessar-fogo. Em setembro, as  negociações multipartidárias recomeçaram com a participação do Sinn  Féin. O primeiro-ministro Tony Blair chegou a se reunir, algumas vezes,  com o líder do partido, Gerry Adams.
 Em 1998, as partes estabeleceram um acordo de paz que ficou conhecido  como Acordo da Sexta-Feira Santa e uma nova Assembléia foi votada para o  país. No entanto, o acordo atingiu novo impasse em virtude da  relutância do IRA em depor as armas. O Partido Unionista do Ulster  (UUP), liderado por David Trimble, passou a exigir o imediato  desarmamento do grupo como condição para aceitar um governo autônomo na  província.
 Em 1999, a rainha Elizabeth II aprovou uma lei que concedia uma  autonomia parcial à província da Irlanda do Norte e um governo de perfil  católico-protestante assumiu o poder. Trimble assumiu o cargo de  primeiro-ministro e dois representantes do Sinn Féin tornaram-se  ministros. A política externa, econômica e de segurança continuou sob o  controle britânico.
 Em junho de 2001, a polícia norte-irlandesa decidiu dar proteção  especial aos moradores do bairro católico de Ardoyne, em Belfast, local  onde freqüentemente ocorrem disputas entre os grupos religiosos rivais.  Os protestantes chegaram a ameaçar crianças católicas que se dirigiam à  escola.
 Em outubro de 2002, a polícia encontrou indícios da ligação entre o  Sinn Féin e terroristas. Tony Blair, então, decidiu extinguir o gabinete  da Irlanda do Norte e passar o controle do país para a Grã-Bretanha até  que novo acordo estabeleça outro governo – ver REINO UNIDO.
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