sábado, 16 de abril de 2011

Irlanda Do Norte Ou Ulster.

IRLANDA DO NORTE OU ULSTER
Com 14.120 km2 de extensão, a Irlanda do Norte é o menor dos quatro países que integram o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte. Os demais são a Inglaterra, a Escócia e o País de Gales.
Ocupa a extremidade nordeste da ilha da Irlanda, enquanto a República da Irlanda, independente, estende-se pelo resto do território. É constituído de planícies onduladas e montanhas pouco elevadas e concentra, na região central, férteis campos verdes e pastagens.
A indústria e a agropecuária são as duas principais atividades que sustentam a economia do país. Entre os produtos agropecuários mais importantes encontram-se o leite, os ovos, a batata e o gado bovino e suíno. No setor secundário, a indústria têxtil, principalmente a fabricação de linho, e a aeronáutica, são destaque.
De ascendência predominantemente inglesa ou escocesa, os habitantes da Irlanda do Norte adotaram o inglês como língua oficial. No campo religioso, no entanto, há divergências históricas e o conflito entre católicos e protestantes arrasta-se indefinidamente. Embora majoritários, os protestantes temem que os católicos e o governo da República da Irlanda reunifiquem as duas Irlanda e os privem de seus privilégios políticos e econômicos. A capital do país é Belfast.
HISTÓRIA
Colonização Protestante. A Irlanda caiu sob o domínio inglês em 1541, quando Henrique VIII da Inglaterra declarou-se rei da Irlanda. Ele tentou introduzir o Protestantismo na região, mas o povo irlandês, de maioria católica, iniciou uma série de revoltas contra a Inglaterra.
Elizabeth I esmagou uma rebelião comandada por católicos no Ulster, uma grande província do nordeste da Irlanda. Jaime I tentou prevenir revoltas posteriores confiscando as terras dos católicos no Ulster e dando-as a protestantes ingleses e escoceses. A política inglesa de colonização da Irlanda do Norte foi em grande parte responsável pelo fato de os protestantes constituírem maioria no país.
Pais levam seus filhos para a escola protegidos por policiais na Irlanda no Norte.
As Divergências Econômicas e Políticas começaram a aumentar entre os católicos do sul da Irlanda e os protestantes do Ulster durante o séc. XVIII. No sul, o aumento da população, a distribuição desigual de terras e a decadência das indústrias provocaram uma redução da qualidade de vida. No norte, a indústria têxtil e a construção naval prosperaram e o padrão de vida aumentou. Os protestantes controlaram o Parlamento da Irlanda e restringiram os direitos dos católicos.
Em 1800, os parlamentos britânico e irlandês aprovaram o Ato de União, que extinguiu o Parlamento da Irlanda e integrou o país à Grã-Bretanha. No entanto, muitos católicos ainda exigiam sua independência da Grã-Bretanha.
No final do séc. XIX, os protestantes do Ulster formaram o Partido Unionista. Em 1914, o Parlamento britânico aprovou um projeto de lei de autonomia, apesar da oposição do Ulster, mas o início da Primeira Guerra impediu que o plano fosse colocado em prática.
Divisão da Irlanda. Em 1919, membros irlandeses do Parlamento britânico reuniram-se em Dublin e declararam que toda a Irlanda era uma república independente. Violentas lutas irromperam, então, entre irlandeses e tropas britânicas. Em 1920, o Parlamento britânico aprovou o Ato de Governo da Irlanda, que dividiu a ilha em dois países separados e deu a cada um poderes de autonomia.
Os protestantes do Ulster acataram a decisão e o Estado da Irlanda do Norte foi formado por seis condados da província. Mas os católicos do sul rejeitaram a proposta e exigiram sua total independência. Em 1921, líderes do sul e a Grã-Bretanha assinaram um tratado que criou o Estado Livre Irlandês, com 23 condados do sul e três do Ulster. Em 1949, o Estado cortou todos os laços com a Grã-Bretanha e fundou a República da Irlanda.
Muitos católicos da Irlanda do Norte recusaram-se a aceitar a divisão. Em alguns locais do país, onde os católicos eram maioria, foram estabelecidos distritos eleitorais para assegurar o controle dos conselhos locais pelas minorias unionistas. Os conselhos tentaram instituir áreas separadas para católicos e protestantes. Com o decorrer do tempo, os dois grupos se isolaram quase completamente.
A partir de 1921, grupos paramilitares irlandeses atravessaram a fronteira da Irlanda do Norte e atacaram instalações do governo britânico. Entre 1956 e 1962, freqüentes ataques foram perpetrados pelo Exército Republicano Irlandês (IRA). Os rebeldes esperavam forçar os britânicos a desistir do controle do país, mas, diante dos ataques, a Força Policial Real do Ulster recebeu armamento pesado.
Belfast, na Irlanda do Norte. País marcado por conflitos religiosos entre católicos e protestantes.
Movimento pelos Direitos Civis. A partir da década de 1960, o conflito entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte se agravou. Os católicos do país expressaram a sua determinação de que a província do Ulster fosse reunificada à República da Irlanda. Eles alegavam que os protestantes haviam violado seus direitos civis e estabelecido políticas discriminatórias de emprego e habitação.
Em 1967, foi instituída a Associação de Direitos Civis da Irlanda do Norte para lutar pela igualdade de direitos para todos. Em 1968, a associação convocou uma marcha para demonstrar sua força e exigir reformas. O governo tentou impedir o ato, desencadeando violentos protestos, depois dos quais o governo britânico persuadiu o primeiro-ministro da Irlanda do Norte, Terence M. O’Neill, a introduzir uma série de reformas. Mas os unionistas conservadores não concordaram e O’Neill foi obrigado a renunciar em 1969. James D. Chichester-Clark tornou-se, então, primeiro-ministro.
Em meados de 1969, ocorreram novos e violentos confrontos em Belfast e Londonderry. Tropas britânicas foram enviadas à Irlanda do Norte e o governo britânico persuadiu Chichester-Clark a aceitar amplas reformas, incluindo uma força policial desarmada e a implantação de organismos destinados a prevenir a discriminação. Mas essa intervenção britânica desencadeou uma escalada da violência. O IRA deflagrou uma campanha terrorista, realizando atentados contra alvos britânicos civis e militares no Ulster e na Inglaterra.
As tropas britânicas permaneceram na Irlanda do Norte, enquanto grupos paramilitares e o próprio IRA davam prosseguimento às suas ações terroristas ao longo de toda a década de 1970.
Domingo Sangrento. Em janeiro de 1972, católicos enfrentaram o Exército britânico nas ruas de Londonberry, deixando um saldo de 14 mortos e 16 feridos. Esse confronto ficou conhecido como Domingo Sangrento. Ainda em 1972, a Grã-Bretanha passou a exercer o controle direto sobre a província do Ulster. Mas isso não deteve a escalada do conflito.
No decorrer das décadas de 1970 e 1980, a luta continuou. Em 1984, o IRA tentou, sem sucesso, assassinar a então primeira-ministra britânica Margaret Thatcher.
Impasse no Ulster. Em agosto de 1994, o IRA anunciou um cessar-fogo. Até janeiro de 1996, as negociações entre britânicos, irlandeses e o Sinn Féin – o braço político do IRA – arrastaram-se com dificuldade, principalmente devido à exigência feita pelo governo da Grã-Bretanha de que o IRA depusesse as armas.
Em fevereiro de 1996, o IRA explodiu uma bomba no centro financeiro de Londres, pondo fim à trégua e retomando a campanha terrorista.
Foi somente com a vitória do Partido Trabalhista nas eleições parlamentares da Grã-Bretanha em 1997 que as conversações de paz foram retomadas. Em julho, o IRA anunciou um novo cessar-fogo. Em setembro, as negociações multipartidárias recomeçaram com a participação do Sinn Féin. O primeiro-ministro Tony Blair chegou a se reunir, algumas vezes, com o líder do partido, Gerry Adams.
Em 1998, as partes estabeleceram um acordo de paz que ficou conhecido como Acordo da Sexta-Feira Santa e uma nova Assembléia foi votada para o país. No entanto, o acordo atingiu novo impasse em virtude da relutância do IRA em depor as armas. O Partido Unionista do Ulster (UUP), liderado por David Trimble, passou a exigir o imediato desarmamento do grupo como condição para aceitar um governo autônomo na província.
Em 1999, a rainha Elizabeth II aprovou uma lei que concedia uma autonomia parcial à província da Irlanda do Norte e um governo de perfil católico-protestante assumiu o poder. Trimble assumiu o cargo de primeiro-ministro e dois representantes do Sinn Féin tornaram-se ministros. A política externa, econômica e de segurança continuou sob o controle britânico.
Em junho de 2001, a polícia norte-irlandesa decidiu dar proteção especial aos moradores do bairro católico de Ardoyne, em Belfast, local onde freqüentemente ocorrem disputas entre os grupos religiosos rivais. Os protestantes chegaram a ameaçar crianças católicas que se dirigiam à escola.
Em outubro de 2002, a polícia encontrou indícios da ligação entre o Sinn Féin e terroristas. Tony Blair, então, decidiu extinguir o gabinete da Irlanda do Norte e passar o controle do país para a Grã-Bretanha até que novo acordo estabeleça outro governo – ver REINO UNIDO.